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No cálculo das emissões totais da infraestrutura
analisada, multiplicou-se os fatores de emissão
da Tabela 5 por 1,3 para adaptar os valores
para a realidade brasileira (tropicalização),
conforme procedimento adotado pela Agência
Internacional de Energia, na plataforma
Methane Tracker (IEA, 2024a)3. Em relação
aos dispositivos pneumáticos, cabe ressaltar
que no mercado norte-americano existem, em
média, 3 dispositivos de alta emissão (high
bleed) e 3 de baixa emissão (low bleed) a
cada 2 ECOMPs (EPA, 2024), o que signi ca
um total entre 4 e 5 dispositivos de cada
tipo para o sistema modelado neste estudo.
Considerando que algumas atividades só
podem ser desempenhadas por dispositivos
high bleed (ICF, 2014), optou-se por simular a
troca de apenas 2 dispositivos high bleed por
low bleed no sistema, para ns ilustrativos.
Para as emissões de venting nos gasodutos,
considerou-se que a infraestrutura é composta
de 15 segmentos de gasodutos de 22,5 km (14
milhas), separados por válvulas. Dessa forma,
assume-se que é feita uma manutenção em
um segmento por ano, também para ns
ilustrativos. A de nição dos segmentos do
gasoduto teve como referência o cálculo
conservador da distância mínima média entre
válvulas, que é de 10 a 20 milhas (16 a 32 km)
(MJB&A, 2016).
5) Cálculo do custo marginal de abatimento:
o custo marginal de abatimento é um indicador
muito útil para avaliar a viabilidade técnico-
econômica de projetos de mitigação de GEE.
O indicador se refere ao custo nanceiro
de se abater uma unidade (de massa ou
energia, por exemplo) de GEE. Nesse estudo,
foram avaliadas medidas de abatimento
capazes de reduzir as emissões de metano
da infraestrutura e posteriormente calculados
seus custos marginais de abatimento. Os
cálculos levaram em consideração: os custos
de investimento e de operação e manutenção
(O&M) das medidas de mitigação; o potencial
de mitigação de cada medida; e os ganhos
econômicos4 resultantes do gás recuperado.
Seguindo a metodologia da IEA (2024b),
utilizou-se o custo de investimento (CAPEX)
anualizado, adicionado aos custos anuais de
O&M e subtraído das receitas anuais. O valor
obtido, ao ser dividido pelo potencial anual de
mitigação de emissões de metano, resultou
no custo marginal de abatimento, conforme as
equações apresentadas abaixo:
Onde:
Cabat: custo marginal de abatimento, em US$/
milhão de BTU de metano
Canual: custo anual líquido5, em US$/ano
P: potencial de abatimento anual, em milhão de
BTU de metano/ano
K: custo de capital (CAPEX) anualizado, em US$/
ano
O&M: custo de O&M (OPEX), em US$/ano
R: receita anual do gás natural recuperado, em
US$/ano, obtida mediante P e o preço da molécula
do gás natural
I: investimento inicial (CAPEX), em US$
FRC: fator de recuperação de capital
r: taxa de desconto, considerada 8% para esse
estudo (taxa real)
m: tempo de vida útil do equipamento, em anos6
3.- O Methane Tracker obtém os fatores de emissão dos países a partir de um escalonamento dos fatores de emissão da infraestrutura dos
Estados Unidos. Para o downstream do Brasil, o fator de escalonamento é 1,3 (baseado na extensão das redes de gasodutos e oleodutos e
na capacidade e utilização de re no de petróleo).
4.- O estudo não aborda as particularidades do sistema de transporte, como cálculo de tarifa, base regulatória de ativos e receita máxima
permitida, por exemplo.
5.- A rigor, o custo marginal de abatimento considera somente os investimentos e as despesas e não contabiliza as receitas do projeto. No
entanto, seguindo a metodologia da IEA (2024b), foi calculado um custo anual líquido, em que a receita proveniente da recuperação do gás
natural não emitido é considerada.
6.- Seguindo a metodologia de Natural Gas STAR Program, foi adotado um padrão de 5 anos para os equipamentos referentes a todas as
medidas de mitigação, que é também o tempo em que se espera um retorno do investimento (EPA, 2014).